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Os "mercados"

Posted on sábado, 15 de junho de 2013 | No Comments

É suposto os mercados funcionarem de um modo natural. Os iluminados que afirmam que sabem como a sociedade se deve organizar são arrogantes, e também ignorantes (eu incluo-me nesta categoria). Eu não sei gerir nem controlar um país, com milhões de habitantes, uma economia com biliões de transações por hora, e suspeito fortemente de qualquer um que afirma saber fazê-lo, e quais os motivos por detrás. Saber exatamente as necessidades da população no preciso instante, quais os preços a fixar e/ou alocar os bens essenciais.

Os monopólios em Portugal existem por causa deste mito, que não é possível confiar no cidadão comum para produzir eletricidade, salvaguardar os espaços verdes, proteger os abastecimentos de água, porque o cidadão comum apenas quer fazer dinheiro sem ter em conta as externalidades negativas...

É nítido que o povo português não está ciente dos exemplos de sucesso de mercado-livre ocorridas no setor da tecnologia, na saúde e na educação em África. Não papa canais televisivos abordando a história das horrendas reformas agrárias e os campos de Gulag. Já foi tentado pela U.R.S.S., pela China de Mao entre outros e simplesmente não funciona esse tipo de empreendorismo estatal, matando milhões pelo caminho. Não sabem que a India tem milhões de cidadãos sem acesso a saneamento básico (serviço providenciado pelo Estado), e não existe qualquer escassez de telemóveis fornecido pelos privados, quer das multinacionais, quer das cópias piratas que circulam no mercado. E também não procuram saber, por isso o melhor o Estado ladrão decidir o que é melhor para nós. Infelizmente são compostos por pessoas com auto interesse e sempre o serão, não tenhamos ilusões.
O mercado-livre e a ação espontânea pode resolver estes problemas, se lhe for dada a chance. A lei da oferta e da procura corrigirá preços que necessitam de ajustamento, face à escassez. É essencial existir atomicidade do mercado, ou seja, um elevado número de vendedores e compradores, de forma a nenhuma das partes ter a capacidade de fixação de preços. 

Compreendendo isto, chegaremos à conclusão que é altamente improvável que a intervenção governamental, sendo uma entidade monopolista por natureza, favorecerá a concentração de poder económico ao invés de corrigir os desequilíbrios na distribuição do rendimento, mesmo se considerarmos verdadeiro que o atual sistema vigente é "capitalista" que cria enormes desigualdades sociais às quais é impossível lidar sem intervenção pela força. 

Portugal se quiser sair da crise, tem que seguir mais ou menos o caminho que está agora. Não podemos alimentar mais o mercado interno, porque a abundância de cafés, hotéis, apartamentos entre outros, foram possíveis com dinheiro emprestado no exterior. E estes serviços não exportam algo de útil para o estrangeiro, a não ser o setor do Turismo que cobre apenas as despesas com a educação. Existem outras componentes na divida privada portuguesa que, apesar de privada, as ações do Estado tiveram particular peso nas tomadas de decisão que bancos, empresas e indivíduos fizeram ... Esta análise ficará para outro artigo.

De seguida tem que iniciar o processo de privatização da educação e da saúde, porque não há mais dinheiro e imprimir está comprovado que não resolve problemas sociais.
A falta de dinheiro já está a condicionar o corrente funcionamento destes setores, e é uma irresponsabilidade o Estado poupar dinheiro em diagnósticos de saúde e verificar-se anos depois que foi detetado um tumor num paciente, que podia perfeitamente tratado anos antes.

Não pode colaborar com regulação excessiva e impostos pesados, que possam incentivar a formação de cartéis, ou impedir a entrada de concorrência, vital para tornar acessivel os serviços à generalidade da população. Acabar com a hipocrisia de subsidiar escolas privadas e com as PPP´s na saúde e educação, um capitalismo de Estado que põe em causa a verdadeira natureza do mercado-livre.
Qualquer empresário deve partir em ponto de igualdade dos restantes ou nunca mais sairemos deste buraco onde nos metemos, criando constantemente o risco moral. Se realmente queremos colocar o sistema capitalista cruel e competitivo em acção, as empresas devem subsistir somente do produto que vendem e da satisfação do cliente, e da capacidade de atraírem confiança junto das suas comunidades. 

A nossa democracia nunca conseguiu cobrir a sua balança de pagamentos, exportando bens e serviços suficientes para pagar todos os aparelhos eletrónicos, automóveis e matérias-primas que importamos, e vários setores da sociedade portuguesa continuam iludidos que "isto" é modo de viver, à custa dos chineses e japoneses. 
Não somos sensíveis aos números porque fazem-nos pensar, e cometemos o erro grave de rotular o "sistema capitalista" ou a globalização de um cancro que tem de ser combatido ferozmente. 
A maioria dos portugueses desconhece que todos os países no globo com maior liberdade de comércio, estão a elevar os seus padrões de vida com salários a crescer anualmente até 25%, fatos que a especialista Raquel Varela recusa ver porque vai contra toda a propaganda estatista que levou desde pequena, e olha-se ao espelho como uma verdadeira revolucionária humanista.

Eu nunca tive ilusões que a grande revolucionária do século XXI seria uma Doutorada em Ciências Sociais, uma área muito produtiva à sociedade e consegue vingar neste mundo de leões, colaborando numa universidade produzindo inúmeros estudos de alta relevância, tão importantes que só poucos conhecem e leem, recebendo um ordenado chorudo, pago por contribuintes num Estado que esteve perto da bancarrota, cujos gestores têm uma filosofia igual à Dra.

 Pedro Miguel

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